Sabe aquela imagem de Jesus, de cabelos alourados e traços bem europeus?
Estudos mais recentes comprovam que esse pode não ser o rosto verdadeiro do Mestre. Acompanhe aqui as tentativas de desvendar a real face de Cristo.
O Cristo Pantocrator
Os evangelhos canônicos nada dizem sobre a aparência de Jesus. E as primeiras imagens cristãs, produzidas sob influência da arte romana, o mostravam como um jovem imberbe, de cabelos frisados. Tal forma de representação sofreu uma brusca mudança no século VI d.C. Foi quando os religiosos do mosteiro de Santa Catarina, no Egito, produziram um magnífico ícone, que apresenta Jesus de barba, longos cabelos repartidos ao meio, e feições muito próximas do tipo semítico. Esse ícone - o Cristo Pantocrator do Sinai - tornou-se um modelo para a posteridade e ainda impressiona pelo realismo, beleza e majestade. Que fator teria provocado essa mudança na representação de Jesus?
O desafio do Santo Sudário
Utilizando uma sofisticada técnica de superposição de imagens, o pesquisador americano Alan Whanger, da Universidade de Durham, na Carolina do Norte, obteve nada menos do que 170 pontos de congruência entre a face desse ícone e a figura impressa no Santo Sudário - um tecido de linho, que, segundo a tradição, teria sido o lençol mortuário de Jesus.
A autenticidade do Santo Sudário é um assunto extremamente polêmico. Nenhum objeto foi tão estudado quanto essa relíquia, guardada na catedral de Turim, Itália. E dezenas de livros e artigos foram escritos a favor ou contra a tradição de que ele tenha envolvido o corpo de Jesus morto.
Uma datação feita em 1988, com base no método do carbono 14, fixou como período de fabricação do tecido os anos compreendidos entre 1260 e 1390. Concluiu-se então, apressadamente, que o lençol seria uma fraude medieval. Porém a qualidade desse teste foi contestada por especialistas com as melhores credenciais científicas. E Harry Grove, principal responsável pela datação, admitiu que a grande contaminação que o pano sofreu ao longo dos séculos pode ter falseado seus resultados.
A questão continua em aberto. Não se trata de desenvolvê-la aqui. Mas vale lembrar a opinião de vários pesquisadores que associam o Sudário ao Mandylion de Edessa, uma relíquia venerada em território bizantino desde o século VI d.C. e desaparecida durante o saque de Constantinopla pelos cruzados, em 1204. Se for verdadeira, a hipótese de que o Mandylion era o Sudário restabelece a conexão entre o lençol de Turim e os primeiros tempos do cristianismo. E fortalece a opinião de que esse pano tenha sido utilizado no sepultamento de Jesus.
Retrato de Jesus
Nesse caso, o estudo da imagem do Sudário forneceria informações detalhadas de como teria sido a aparência de Jesus: